Mijar dentro ou fora??? Eis a questão!!!

Liberdade!!!

                Tão sonhada, tão almejada e ao mesmo tempo, tão difícil  definir  em palavras...

                 Não há quem não a busque, no entanto, poucos estão realmente dispostos a pagar o preço para obtê-la.

 Acho que ser livre é antes de tudo, não  necessitar da aprovação alheia, perder o medo do “ridículo” e o ser humano precisa disso: ser aceito e amado pelos pais, familiares, amigos, esposas, maridos, filhos, sociedade,  Deus. Alguns necessitam da aprovação até de desconhecidos e inimigos...

Portanto, quando escolhemos ser livres, inevitavelmente desagradaremos alguém (ou todos).

Hoje conversando com um grande amigo sobre isso, uma cena cotidiana e comum  veio à minha mente, que demonstra exatamente como é, pra mim, a imagem de liberdade. Sem pretensão alguma de dizer qual o  melhor ou pior modo de viver...sequer discutir certo ou errado, se vale ou não a pena, se há ou não meio termo pra isso...(existe o mais ou menos livre??Seria algo como o mais ou menos grávida??).

“Um vira latas, magrelo. Andando calmamente, sem neura, sem pressa... farejando o que poderá ser sua próxima refeição, pois um ser livre preocupa-se apenas com o essencial, com o que realmente importa, (e sem muitas preocupações com higiene de quem o preparou, ou a quantidade de kcal que o alimento fornecerá). Ele abana o rabo, no ritmo da música que lhe veio à cabeça e se soubesse, estaria assobiando essa canção. (dessas que grudam na nossa cabeça porque a melodia é gostosinha). Ele caminha porque gosta de caminhar. Ele vive o dia de hoje. Ocupa-se e não preocupa-se. Confia no destino, na vida e está aberto àquilo que ela possa trazer. Ele até gosta dessa vida. É boa sim. (discutível apenas por não possuir parâmetros para comparação).

 Ele passa em frente a uma casa, onde  um  outro ser de sua espécie está preso. Ele tem pedigree, saradão, bombado, ardentemente desejado pelas cadelinhas da vizinhança (uma delas é toda gostosa, pelos tingido de rosa, lacinhos da cor da moda...ela é tuuuudo!!), pelos e unhas bem cuidados, uma casinha que o protege das intempéries,  água em temperatura ambiente,  ração balanceada... mas não pode sair, porque tem uma missão importante:  cuidar da casa e dos que nela habitam  e garantem o seu sustento. Ele até gosta dessa vida. É boa sim. (discutível  apenas por  não possuir parâmetros para comparação).

Ao ver  o vira latas tão livre, tão feliz, tão sem rumo...ele se irrita. Ele late, pula, avança, rosna. Afinal, sacanagem demais alguém tão diferente dele passar em frente ao seu território, ostentando descaradamente sua vida tão desregrada!!! (e olha que ele nem olhou pra cadelinha rosa, ainda). E é importante lembrar que até mesmo uma vida desregrada possui regras - não ter regras já é a primeira regra.

O vira latas apenas olha... acho  que até o convidaria pra um passeio, mas percebe que não rolaria, pois o espécime com pedigree ta meio  estressado hoje...  talvez  por levar à sério o lance de defender o território, responsabilidade por ter que cuidar dos seus, (pois isso é o que esperam dele) e assim, tem dificuldade de se abrir ao desconhecido...  provavelmente  teria medo de se aventurar fora daquilo que ele definiu como “seu lugar e missão” no mundo. O vira latas até pensaria: “Caaalma,  brother... to só passaaando...” (bonitinho esse vira latas...), mas o ser com pedigree não para de latir até que o último rastro do “intruso” passe também.

O ser sem raça definida levanta a patinha traseira e dá uma mijadinha no muro, (nem era pra sacanear, só uma espécie de “estive aqui”) e continua seu caminho... assoviando (mentalmente)sua canção.

E segue andando e mijando pelos muros, postes, canteiros ... Urina com odor de “sou livre”.

Como essa mijadinha incomoda!!!

E fica a pergunta: “Onde  quero mijar?? Do lado interno ou externo do muro?”

Gooooooooooooood question!!!